quarta-feira, 9 de setembro de 2009
O abraço
Sabe Bebel, eu acho que eu você vivemos fenômenos semelhantes. Por mais que a gente tente, queira e se esforce - e que os outros façam isso na mesma proporção - nunca, nada vai ser suficientemente bom quanto o que tivemos. Nunca nos levará às pessoas que éramos com eles. Você, com seu David, a quem a vida levou sabe-se lá porquê, e eu, com meu ex-marido, que quis ir. Temos um nível alto demais, queremos o impossível: alguém que seja maior do que isso e que cause na gente o que eles causaram. Acho que nenhum homem será igual a eles. Não melhor no sentido de ser um homem melhor, mas por nos permitir que fôssemos mulheres sensacionais e inteiras quando estávamos ao lado deles. Não sei quanto a você, Bebel, mas eu via nos olhos dele que não havia julgamento, desconfianças, temores. Ele esteve lá enquanto esteve, me apoiando, ajudando, levantando, abraçando e tantas e tantas coisas. Era uma cumplicidade louca e até meu egoísmo ele entendeu. Quando o amor dele por mim acabou e levou tudo isso de bom, só restou que ele terminasse com dignidade e respeito, como tem que ser. Hoje, o acho um filha da puta, uma merda de homem, um pai nojento e de quinta categoria, e é esquisito pensar que um dia ele foi tão legal, tão maravilhoso e preencheu todos os espaços. Ao contrário de você, Bebel, eu tenho medo da solidão e o fato de ter uma filha não me acalma nenhum pouco, pois sei que logo ela estará aí, no mundo, e é pra isso que eu a crio. Ao mesmo tempo, eu gosto muito da minha companhia, das minhas escolhas individuais e de resolver a minha vida sem pensar em nada nem ninguém. E isso é praticamente impossível fazer com alguém do nosso lado. Talvez, o que não queiramos mais é dividir. Nosso egoísmo não permite. Até agora, a única pessoa que aceitou esse meu sentimento e deixou que eu o tivesse sem nenhuma crise foi ele. Para os outros homens, ele incomodava e a reboque eu acabava me incomodando também. E na boa, tudo o que eu não quero, é ter que pensar que quem eu sou pode, de alguma maneira, incomodar alguém.
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2 comentários:
Solitárias sem fronteira...
Oi querida,
Eu tenho minhas dúvidas se somos sempre a mesma coisa com todos. Eu com o David não sentia esta ânsia de me lançar ao mundo, talvez porque fosse mais jovem, talvez porque já estivesse no mundo. Eu estava nos EUA, ganhava um dinheiro merrequinha, tinha um trabalinho, não podia ir longe com as próprias pernas. Na ocasião David era o homem perfeito. Não sei se hoje seria. Tudo, eu acredito, é fruto do que somos mais as circunstâncias. Obrigada pela troca, é assim que a gente cresce. beijo
Isso foi sincero demais. Nó na garganta, moça =/
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