quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tem que rir pra não chorar

Primeiro chega o torpedo

Você pode me ligar? Acabaram meus créditos. Aliás, eu acho que não deveria mais carregar o telefone e comprar algo que a filha precise.
E eu pensando: o que eu tenho a ver com isso? Quem sou eu pra tomar esse tipo de decisão?

Aí eu liguei. Podia ser algo importante
Blá blá blá. Voz mansa, aquela conversinha e ele solta.
- Estou guardando um dinheiro pra comprar alguma coisa pra filha.
Seria um computador, eu pensei?
- Eu vi que a bota (na verdade, uma galocha cheia de corações que ela não tira desde o dia que ganhou, faça chuva ou sol) que ela foi no final de semana está descascando. Você quer que eu compre outra bota pra ela?
Fiquei muda e soltei um: hun? (pensando, você precisa juntar dinheiro pra comprar uma bota? De que grife será essa bota? Laboutin?
- É, você quer que eu compre um bota pra filha?
Respirei fundo, pensei nas meditações que venho fazendo e na tentativa de ser uma pessoa mais calma, mais ponderada e respondi:
- Compra um tênis. Ela usa mais. Compra escuro, pra escola. Número 30.
- Não, é que eu queria ajudar mais. Fiquei pensando... têm secador na casa de vocês?
Novamente, respirei fundo:
- Tem. Tem.
- Eu não sei quanto vou gastar no tênis... o que ela mais tá precisando?
- Hering de manga curta, lisa. Tamanho 10, qualquer cor.
- Ah legal.
- Olha, Fulano. Você pode comprar o que quiser pra filha, viu? Não precisa me consultar. Vai lá e compra. Nunca é demais. Roupa, sapato, calcinha, meia. (porque eu tenho certeza de que esse tênis vai render...)
Aí... claro que a cobra queria dar o bote.
- Podemos trocar o final de semana do feriado? (ele ficaria com ela)
- Não vai dar. Já tenho planos, estarei de folga.
- É que aqui dá pra trabalhar no feriado, pra ganhar mais (porque o fato de eu não trocar abre o precedente pra ele dizer: viu, eu queria trabalhar pra te ajudar mais, mas você não quis ajudar... como se eu, sua ex, tivesse alguma coisa a ver com isso) e preciso da resposta.
- Infelizmente, não vai rolar, Fulano. Eu também tenho uma vida.
- Tudo bem. Obrigada mesmo assim. E o que você achou da história do crédito do celular?
Aí a paciência já tinha esgotado.
- Fulano, é o seguinte: o que você faz com o seu dinheiro é problema seu. Se você põe ou não crédito no seu celular é problema seu. Eu não tenho NADA a ver com isso, entendeu? Se 15, 20 mango te fazem falta, não põe, meu. E eu sou sua ex mulher, não a gerente da sua conta no banco.
- Ah tá. Tchau, boa noite.
- Boa noite.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Louca pra chegar amanhã

Sou só eu ou há dias que tudo isso cansa muito? E por tudo isso entenda-se a vida.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O passado bate à sua porta

Lembram do havaiano, né? Que veio pro Brasil no começo do ano e que agora está em Miami. Pois bem, acabou de me ligar "pra contar as novidades" e dizer no final.
- Fica com Deus, Querida. Sinto muito a sua falta.
Semana dos mortos-vivos, é isso? Quem será que vai aparecer amanhã? O primeiro cara que eu beijei?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

http://pipl.com

E ontem, quando o navio entrava no Porto, ela pediu:
- Que ele traga emoção e vida à minha vida.
E hoje foi exatamente o que ela teve. Ao entrar no site que acha pessoas, digitou o nome dele e, segundos depois, o acrescentava no MSN. Depois de 10 anos eles colocavam os pingos nos is.
- Eu me apaixonei por ele, por isso saí da sua vida, assim, sem falar direito. Eu sinto tanto... E quantas vezes eu quis te procurar.
- Eu só guardei o melhor, tenha certeza. E se soubesse que vc queria falar comigo eu teria te procurado. Achei que vc escolheu sumir.
- Toda vez que eu escuto Inverno, da Adriana Calcanhoto, eu lembro de vc.
- Você ainda vira o travesseiro pra ficar geladinho?
- Sempre (risos).
- Vou te mandar uma música.
- Manda, quero mudar nossa trilha sonora.
E assim, durante mais de duas horas, eles falaram, contaram, numa urgência absurda, como se eles quisessem resgatar o que ficou perdido naquele último telefonema em maio de 1999.

Agora vamos à história.

Aos 25 anos, estava de malas prontas pra Porto Alegre. Ia largar emprego, tudo, para viver com ele. Tinha férias em agosto e iria pedir demissão. No início de maio, F veio pra cá e esse era o combinado. Só que num dia, nesse mesmo maio e me recuperando de uma gripe, eu decidi ir a uma festa. E nessa festa eu conheci meu ex-marido, por quem imediatamente me apaixonei. E só me restou dizer adeus na frieza de um telefonema. Agora o reencontro. Eu estou muito emocionada mesmo. E chorei muito, muito. E ainda choro. E chorei porque com F. eu me resgatei e resgatei essa emoção que tanto busco e que tanto me faz falta.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Andar com fé

Você acorda inspirada e sai de casa arrumada, toda bonita, mesmo. Quer ficar cheirosa e passa Very Irrésistible, da Givenchy. Acha que está podendo, afinal, o espelho diz. Aí, você está andando, de nariz em pé, com a sua bolsa na mão, de Rayban na cara, toda metida, bem Patty, e o salto, de um sapato que você adora e que custou os olhos da cara, simplesmente quebra. Assim, do nada. E você, toda cheirosa, percebe que a sapataria mais próxima não está nada perto. E, mancando igual a uma retardada, você vai. Até que, num momento freedom total, você tira o sapato e segue descalça. Segurando a bolsa, o sapato com salto quebrado, com o Rayban na cara, e deixando seu rastro cheiroro pelo cidade. Isso sim é ter estilo.
Claro que quando cheguei à loja usei quase um tubo de gel anti-séptico. Mas daí é outra história, outro post.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Para o Alê

O dia de hoje merece dois posts. Primeiro porque o dia começou muito cedo - o que é uma raridade pra quem acorda entre 9 e 10 da manhã - e com notícias nada boas. Não é nada tão grave assim que não possa ser resolvido nem tão banal que não mereça uma atenção toda especial. Mais um item pro compartimento das pendências da vida adulta. Aí, lá pelo meio da tarde você recebe uma visita. Visita essa que você conhece há anos, com quem você tecla todos os dias, que você conhece de cabo a rabo, e que não imagina mais a sua vida sem. Aí você olha no olho dessa visita e pensa: como é bom se sentir em casa. Como foi bom a gente ter recuperado o tempo perdido com a imaturidade e conseguido construir tudo isso que temos agora. E pra completar, essa visita te enche de elogios e às vezes até fala umas besteiras, umas sacanagens, naquele delicioso desrepeito. É bom demais ter intimidade com alguém. Já havia até me esquecido. Não, não se trata de conquista, de sexo. Trata-se de amizade. Muita amizade.

Eu prometo!

Nunca fui de fazer promessas. Tenho amigas que eram e ainda são viciadas nisso. Tipo: ficar sem comer chocolate, tomar refrigerante, tomar cerveja. Eu não, quero mais é curtir a vida e resolver a vida. A única promessa que fiz foi na única vez que estive em Aparecida do Norte, em 1995. Tinha acabado de acabar a faculdade e meu ex-cunhado levou minha mãe pra conhecer Aparecida e eu fui junto, de bico. Aí, num dos lugares por onde os fiéis passam, virei pra Nossa Senhora e pedi: se eu conseguir um emprego logo, volto aqui, neste mesmo lugar, pra agradecer. Logo no começo de 96, eu já tava trabalhando e o fato é que eu já mudei de emprego um monte de vezes depois e eu ainda não voltei lá. A Santa é boazinha e entende, mas sei que devo ir um dia lá pra agradecer. Não custa.
Bom, pra não divagar muito, hoje resolvi fazer mais uma promessa. Só que desta vez sem santo como testemunha, nem ninguém. Prometi pra mim, eu mesma irene, que não ligarei mais pro sujeito imperfeito. E mais: que não vou mais atender suas ligações. Será que eu vou conseguir? Tomara que os anjos conspirem tanto pra isso quanto fizeram em 96.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Tinha que ser comigo

Fui chamada para ir num aniversário outro dia desses. A mãe de um amiguinho de escola da filha.
- Vou fazer um bolinho lá em casa hoje. Leva a filha para ela brincar com o filho. Ah, não chamei ninguém da escola.
- Claro, iremos sim. Me passa seu endereço. Precisa levar alguma coisa?
- Ah, cada um vai trazer uma comidinha, uma bebidinha.
- Ótimo, pode deixar. Até mais tarde.
Saí do trabalho e passei no supermercado. Aí fiquei pensando no que levar. Achei que não seria conveniente levar cerveja. Aí optei por um vinho. E comprei um tinto, algumas torradinhas, patês. Levei, ainda, um bolinho, um vasinho de flores e coloquei tudo numa sacola retornável dessas compradas no próprio supermercado. É de bom tom nos dias de hoje, eu pensei.
Cheguei lá na festa, tinha um monte de gente estranha. A casa era uma zona. Tinha tudo para ser uma graça, pois era uma chalezinho. Mas eu sei lá que diabos ela fez que deixou a casa uma confusão total. Tudo era esquisito.
Os convidados. Jovens, coroas, sapatões, mulheres finas, homens, viados disfarçados, viados assumidos. Eu não sei de onde aquelas pessoas se conheciam, mas todos pareciam muito à vontade uns com os outros, apesar das evidentes diferenças.
A comida. Bom, não tinha quase nada pra comer. E minhas torradas e patês acabaram segundos depois de colocadas à mesa. De vez em quando aparecia um pratinho de esfiha, um de pão de queijo, que sumiam imediatamente.
A bebida. Refrigerante e groselha. Bebida alcoólica, nem pensar. O vinho que eu levei? Ficou na cozinha, quase que eu pedi de volta. Eu, que não gosto de refrigerante ou de groselha, fiquei na água.
O papo. Ouço duas moças conversando sobre mim.
- De onde ela é? A (aniversariante) já não levou ela lá?
- Não, respondeu a outra.
- Lá onde?, questionei, querendo dar uma de simpática.
E as duas simplesmente me olharam e se calaram.
Outra tentativa de papo.
- Ela é jornalista, diz a aniversariante para um cara.
- Eu fiz seis meses de jornalismo, mas larguei a faculdade porque jornalista é tudo bêbado e louco.
- E agora você faz o quê?
- Virei ator.
- Ah... entendi. Você não quis ter fama de bêbado e louco então preferiu carregar outro estigma, né?, disse rindo, mas pra cutucar.
- De quê?
- De drogado e viado, porque essa é a fama de ator.
E depois de uma hora dentro daquela casa, em que o tempo se arrastava, eu decidi ir embora. Virei pra aniversariante, agradeci e falei que teria de acordar cedo no dia seguinte. Peguei meu telefone, liguei pro táxi e fui pra casa. No caminho, a raiva: caraleo, por que essas coisas acontecem comigo? Gastei uma puta grana (vinho, patês, torradas, bolinho, florzinha, sacolinha, táxi ida e volta) e não consegui dar uma risada a noite toda. É phoda. com ph mesmo, pra ficar mais phino.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Na lama mode on

Bom, eu tô muito triste. Mas pra não ficar variando sobre o mesmo tema, vou falar a respeito de mulherzices. Quando me casei, me mudei para um bairro e lá comecei a frequentar um salão. Faz uns dez anos isso. Mesmo separada e em outro apê, continuei no mesmo bairro. Não sou muito de salão, não rola uma paciência, mas de vez em quando é preciso, né? Então, eu sempre cortei, pintei e fiz a sobrancelha com uma das donas do salão. Meu cabelo é todo cacheado e não há mistérios no corte, basta aparar as pontas ou de vez em quando cortar mais curto. A cor? Já fiz reflexos, luzes, variei os tons e a Graci sempre mandou bem. Agora, na atual fase morena de angola que leva o chocalho amarrado na canela, chego lá, ela olha a ficha e pronto. Sem grandes mistérios. De vez em quando põe alguns tonalizantes, faz um reflexos em tons castanhos, enfim, dá uma inventada. Mas eu gosto do jeito que ela trabalha. E a sobrancelha, então? Ela acertou como nenhuma outra.
A unha eu fazia com a Zezé, uma senhorinha fofa que se aposentou em 2002 e foi substituída pela Maria, que virou minha manicure desde então. Há três meses, Maria voltou para o Sergipe para cuidar do pai doente depois do falecimento da mãe. E até agora ainda não me acertei com nenhuma das manicures. Aí hoje a supresa: Graci, uma das donas do salão, vai morar definitivamente em São Paulo. Quando se casou, ficava lá no inicío da semana e vinha para a Baixada Santista quinta, sexta e sábado. Só que resolveu ficar lá de vez e aí, pra resumir a história, estou sem cabeleireira, manicure e quem faça minha sobrancelha. Me sinto órfã e abandonada. Em todos os sentidos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não dá

É o fim da linha quando você se pega cantarolando um pagode horroroso (Abandonado, do Exaltasamba) e pensando na pessoa. Aí a tua ficha cai e você grita: paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaara o mundo porque eu quero descer. Para tudo há um limite na vida. Até para ser CGT.

domingo, 2 de agosto de 2009

A escolha de S

Era madrugada quando ela, num desabafo depois do sexo, disse de sopetão:
- Preciso te contar uma coisa. Conheci um cara e agora não sei o que fazer.
- Bem que eu senti que tinha alguma coisa estranha, desde o momento que você me falou aquele alô. Eu senti, senti. E assim que te vi, notei seus olhos distantes. E também preciso te perguntar uma coisa:
- Você fez amor com ele?
- Sim, disse ela, com os olhos fechados de vergonha.
- Vou embora. Como você pode? Como você pode? Não fala nada, não tenta se jutificar. Estou magoado, decepcionado.
- Você saiu da minha casa naquela sexta-feira, há 15 dias, e foi incapaz de me ligar. E só ligou hoje, mais de dez horas da noite. E da penúltima vez, foi exatamente a mesma coisa. Você saiu daqui e simplesmente sumiu. Não aguento mais seus vácuos, seus vazios. Cansei. Eu sei o que eu quero.
- E o que você quer?
- Ficar com você.
- Mas isso não dá. Não hoje, mas eu não sei o dia de amanhã.
- Eu não posso parar a minha vida esperando esse seu amanhã, que talvez nem chegue.
- Por que você me contou isso, pelo amor de Deus?
- Porque você precisa acordar, saber que pode me perder.
- Quem gosta não faz o que você fez, alfinetou ele.
- Quem gosta não deixa de cuidar, ela rebateu.
- Não quero discutir, não sirvo pra discutir.
- Então deita aqui, ela pediu.
- Não eu, eu vou embora. Amanhã eu volto.
- Vem aqui, ordenou.
E ele foi. E a partir disso viveram uma noite que não teve fim. E depois disso vieram outras maravilhosas noites, sensacionais dias. Noites, dias. Que se transformaram em tardes serenas, em amanheceres silenciososos. E tudo só terminou porque o despertador tocou e ela percebeu ter sonhando o melhor sonho de sua vida. O sonho de ter sido escolhida.