domingo, 30 de maio de 2010

Minha amiga tá apaixonada

Minha amiga, que tem 36 anos como eu, ficou com o ex-marido 20 anos, entre namoro e casamento. Há um ano ela se separou e como faz parte do rol das pessoas normais da qual não faço mais parte, se apaixonou e está namorando um cara muito bacana. Minha amiga, a mesma que está fazendo quimio por causa de um câncer de mama, está lutando contra os efeitos da medicação e, nos dias depois da sessão, ela fica ótima, feliz. E aí ela está empolgada pra comprar e fazer um presente pro namorado. Está como adolescente, toda feliz.
E está certíssima, pois fiz as contas com ela e não ganho ou compro presente pra namorado desde 2004. E eu tava casada em 2004 e o fulano perguntou: o que vc quer ganhar? E eu respondi, na frente da vitrine da loja: aquela bolsa. No dia 12, a bolsa tava lá. Sem cartão, sem supresa, sem nada. Não posso culpá-lo e nem estou reclamando, porque eu também comprei uma calça e uma malha preta porque ele tava "precisando". E aí como eu meio que fechei esse compartimento da minha vida, eu abri o compartimento do trabalho, dos cursos, dos estudos. Então, quando ela me pede alguma ajuda, alguma dica, eu não tenho vontade de dizer nada, porque minha sintonia é outra.
E semana passada eu tava toda atrapalhada procurando a tradutora juramentada que tinha feito meu currículo pra corrigir uma informação e a nega tinha ido viajar e eu precisava entregar o pedido pra uma bolsa até quinta-feira. Fora isso eu terminava os slides da aulas, começava num intensivão de conversação pra me preparar pra uma possível entrevista por telefone em inglês, eu trabalhava no jornal, eu cuidava da filha... e tudo o que eu não queria saber eram as ideias que ela tinha tido pra montar a tal caixa pro namorado.
Não estou com inveja. Não queria ter um namorado nesse exato momento. Já quis muito, mas hoje não estou a fim de ninguém por perto. Não estou na vibe de montar caixas. Porque é isso. Porque a única caixa que eu quero pensar é a que transforma meus sonhos, projetos e planos em realidade.

domingo, 23 de maio de 2010

Figa

Tô ligada que as poucas e queridas pessoas que passam por aqui torcem por mim. Sejam as me acompanham desde dois blogs atrás até as que chegaram nessa nova estadia. O lance é que me enfiei em uma uma coisa, mais um desafio, cuja resposta só rola dia 31 de julho. Até lá, adeus vida pessoal, adeus saídas, adeus homens. Mas como eu quero compartilhar com vcs alguma coisa, eu peço: torçam para que as minhas férias, que são sempre em outubro, este ano, tenham de ser mudadas para setembro. Darei notícias.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Gente inspirada

A melhor cantada que recebi na vida, de um lixeiro, ontem.
- Vai na frente, linda. Tô indo pra casa tomar banho e já te encontro. Onde é mesmo?

Impossível não sorrir pra algo assim, né?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sal grosso

Eu só queria saber quem foi o macumbeiro que fez o trabalho pra minha vida porque eu preciso dar os parabéns pra ele. Ou pra ela. Porque seja lá que ebó arrumaram, deu MUUUUITO certo. Porque puta que pariu. Vida amorosa amarrada do caralho. Nada dá certo. Nada. Quando eu acho que pode ser, que talvez, quem sabe. Quando eu começo a me animar com alguém, quando uma possibilidade começa a virar alguma realidade, vem uma oferta de trabalho filha da puta e manda o sujeito pro cu do mundo. E cu do mundo não é força de expressão, acreditem.

sábado, 8 de maio de 2010

À mestra com carinho

E aí eu fui chamada pra dar aula. Na verdade, são só 12 aulas. Dois módulos de seis pra um curso de pós-graduação.
E falei com a minha sinceridade habitual: como, se eu não tenho pós, doutorado, nada...???
- Querida, vc trabalha há muito tempo na área. Conhece redações, assessorias, revista, tem jeito, é despachada...
E aí naquele rewind... comecei a trabalhar com 19 anos em jornalismo, no segundo ano da faculdade, me formei com 21. Nunca fiz outra coisa na vida. Nunca fiquei desempregada. Já passei por tudo quanto é editoria, cargos. Tenho 36 anos e uma PUTA experiência.
- Tá, eu vou.
Então, em junho, em três quartas eu virarei professora, do alto dos meus 1,58m (que chegam a 1,63, 1,64 porque eu não dispenso um salto nunca). Morrendo de medo, é verdade. Já descabelada preparando os powers points, ensaiando... mas quer saber? Nessa altura, nem tenho que provar porra nenhuma pra ninguém. Mó feliz em virar professora... e além disso, os dinheiros pelas 12 aulas são bem bons..

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Os olhos mais absurdos

Quando ele disse tchau, até mais tarde, ela soube que nunca mais o veria. Sentiu em seus olhos que se tratava de uma despedida. Ainda era muito cedo e ela voltou para cama, toda bagunçada. Acabou sonhando com aquela noite da qual pouco se lembrava.
Assim que o viu chegando no bar teve certeza de que precisava saber qualquer coisa dele. Sorriu. Sem nem perceber como, estava sentada à mesa dele, que enchia o seu copo com cerveja barata. Não gostou das gírias, do vocabulário atrapalhado e da absoluta inexistência de concordâncias. Engraçado ele é, pensou, já totalmente fascinada. E foi quando Júnior contou sua história. O fato de ter nascido em São Sebastião explicava o tom de pele curtido, mas aquele olhar... para isso ainda não existia a palavra perfeita. Júnior nem perguntou o nome dela, muito menos o que ela fazia. Nas poucas vezes em que conseguiu interrompê-lo disse algumas coisas e, ao contrárido do que habitualmente acontecia, foi simplesmente ignorada. Já ele falava orgulhoso da vida de embarcado e do fato de conhecer as mais belas paisagens do litoral brasileiro levando o patrão endinheirado, dono de uma rede de supermercados no Rio de Janeiro, no iate de três cômodos. Fez promessas de passeios. Jurou amor eterno. Planos para o dia seguinte, para os próximos dias que viriam e até para o Carnaval. Já na casa dela, Júnior confidenciou que fazia dois anos que não saía com nenhuma mulher e era madrugada quando ele disse que não se achava um homem interessante. E foi a partir disso, quando ela acreditou em todas essas mentiras, tiveram uma daquelas memoráveis e irresponsáveis noites. Ela não conseguia parar de olhar aquele corpo perfeito, a barriga e o peito lisos do cara de 31 anos. Mas o que a deixava mesmo espantada eram os absurdos olhos. Na hora em que mais uma vez eles se cruzaram teve vontade de dizer: estou apaixonada. Sabia que não poderia ir tão longe. E mesmo tendo certeza absoluta de que nunca mais o veria, na suposta hora marcada, ela estava lá, segurando um copo, sentada à (mesma) mesa. Desta vez, sem sorrisos ou olhares.

domingo, 2 de maio de 2010

Leão

Tem gente que nasce e desde cedo aborrece os pais, incomoda os vizinhos, atrapalha os amigos. Quando crescerem viram os autênticos paus no cu. Meu ex-marido é desse naipe. Só o fato de ser ex-marido já poderia garantir seu lugar no mundo dos paus no cu. Mas não, ele tem um plus e faz questão de agir da forma mais paunocuzeça que poderia existir. Por exemplo, ele tá cansado de saber que a filha é minha dependente. Porra, o sujeito dá uma pensão ridícula que não paga nem a metade da escola, vê a menina a cada 15 dias, se faz de morto pra uma porrada de coisa, então, é óbvio que a filha é minha dependente. Sempre foi e será até os 21 anos. Só que este ano ele resolveu que ia por a pau no cuzice em ação e declarar a menina como dependente dele. E eu só descobri isso porque me deu um estalo quando eu estava fazendo meu IR. Peguei o telefone:
- Pau no cu, vc não colocou a filha como sua dependente no IR, né?
- Não sei...
- Como não sabe? Eu coloquei, então, eu sei. Você não declara?
- Declaro, mas dei as coisas pra um cara fazer... vou ligar pra ele e te ligo.
20 minutos depois
- Então, eu falei com o fulano e ele disse que colocou sim.
- Você só pode estar brincando. A filha é MINHA dependente, eu abato escola, plano de saúde, odontológico, coisas que, aliás, eu pago.
- E agora?
- E agora seu pau no cu (e eu o chamei assim mesmo) você liga pra esse outro pau no cu que tu arrumou e manda ele fazer uma retificadora porque se eu for pra malha fina por tua causa eu nem sei o que sou capaz de fazer...
- Calma, Querida.. eu vou falar com ele, fica tranquila
- Ah mas tu vai falar mesmo... e desliguei o telefone, espumando de ódio.

Diz se ele não é o autêntico representante do pau no cu way of life?