quinta-feira, 30 de julho de 2009

Diálogos

- Faz uma semana que o Querido sumiu, eu disse
- Ah, mas ele foi viajar a trabalho, ponderou a amiga.
- Escuta, até na Lua dá pra se comunicar hoje em dia. Não ligou porque não quis.
- kkkkkkkkkkkkkkkk. Só tu mesmo pra fazer piada.
- Minha filha, se eu não levasse as coisas no escracho, já teria enlouquecido. Aquele dia lá em casa ele te falou o que faz?
- Falou, sim. Pelo que eu entendi ele leva o pessoal que faz manutenção em navios. Presta serviço pra armadoras. Mas fica à disposição desses caras, não faz o trabalho braçal.
- Resumindo: ele é o motorista, né? Metido pra caralho, mas um motorista.
- É... E minha amiga caiu da gargalhada.
- Uma vez CGT, sempre CGT (*), finalizei o papo.

(*) Comando Geral dos Trabalhadores. É que a pessoa aqui tem um ímã féladaputa com operários.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Uma Coca pra viagem

A história a seguir aconteceu numa quarta-feira e, tirando as partes inventadas, é todinha verdadeira. João era aquele sujeito tímido, todo sem graça. Não podia ser elogiado. E foi uma Coca-cola que mudou sua vida para sempre. João era jornalista e trabalhava em um jornal. Editor de Esportes. Por volta das 20, decidiu que iria comprar uma Coca. "Cocão", como costumava dizer o pessoal. Pois aquela quarta, além de ser quarta de rodada, era uma quarta que tinha semifinal da Libertadores. A noite não acabaria tão cedo.
E lá foi João no China, bar que fica em frente ao jornal, ponto de encontro de prostitutas, cafetões e toda a sorte de malucos que aparecem num Centro de Cidade numa hora dessas. Recentemente, o boteco fora reformado, recebendo pastilhas maiores, mais iluminação, novos balcões e até uma máquina de música. Mesmo assim, comprar ali, só coisas lacradas, e olhe lá. Além dos loucos, baratas adoravam o Bar do China.
Naquela quarta-feira de inverno, João chegou no China e ouviu a primeira coisa surpreendente daquela noite. Um sujeito fazendo voz e vilão de Sweet Child o Mine do Guns. "Daqui a pouco o China vai cobrar couvert artístico", pensou.
- Por favor, uma Coca de dois litros, pediu ao balconista.
- Nossa, que sede, disse uma puta, com suas micro-roupas, aproximando-se do nosso amigo.
- É, respondeu João, já sem graça.
- Paga uma Coca pra mim, pediu a donzela.
- Não tenho dinheiro, garantiu João.
- Ah, tem sim, insistiu a lady.
Acuado, João não teve muito o que fazer a não ser atender ao desejo da moça.
- Vê uma Coca em lata, então, pra ela.
- É assim que eu gosto... Você é gostoso, afirmou a prostituta.
- Sou não, rebateu João, que ainda completou: eu sou um otário.
- Que nada, você é gostoso. Passa mais tarde aqui, eu gosto de homem como você, que paga.
E João voltou para a redação, feliz da vida, sorriso no rosto, com o Cocão para a galera. Sabia que quando acabasse a partida do Grêmio com o Cruzeiro, a chupetinha que tanto merecia depois daquele dia infernal, estava garantida.

sábado, 25 de julho de 2009

Escrito nas estrelas uma ova

Diz o trânsito do Personare, que até o dia 20/08 Vênus estará passando pelo meu signo ascendente e que isso me trará um magnetismo pessoal incrível. Hoje, enquanto almoçava sozinha na praça da alimentação o comendo o Yakissoba que tanto estava com vontade, sentei ao lado de um sujeito que falava ao telefone. Dois minutos depois, desligou e aí lá vem aquelas merdas que só acontecem comigo:

- A gente não se conhece?
- Não.
- Você não trabalha com saúde?
- Não.
- Não comprou plano de saúde recentemente?
- (Meu Deus, outro operário, outro pobre, eu pensei.)
- Não.
- E o que você faz?
- Trabalho com comunicação.
- Ah, então deve ser impressão minha. Tava falando com a Marcinha, pra ela passar lá em casa porque faz tempo que não nos vemos.
- Quem é Marcinha?
- A Marcinha, a loirinha do Guassu, você não conhece? Todo mundo conhece.
- Não conheço.
E peguei o celular e liguei pra minha mãe pra ver se o vendedor do plano de saúde se tocava. Deu certo, graças a Deus, ele foi embora.

Gente, se o magnetismo pessoal que começou justo hoje for desse nível, vou me enfurnar em casa. Na boa. E Ailton, você tem toda razão: horóscopo é uma merda.

E um desabafo: tem feio muito frio e eu odeio, odeio o frio.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O terceiro caminho

Porque toda vez que o camelô aperta o play é como se ele fizesse a mesma coisa com a minha cabeça e, ao ouvir aqueles versos que pouco dizem, um mundo de ideias e possibilidades aparecem. E é estranho pensar e lembrar com tudo isso começou e, principalmente, onde começou. Há certos mistérios que envolvem a vida e esbarrar com pessoas é um deles - talvez o mais fascinante. Conhecer alguém e saber que a partir disso sua vida não será mais a mesma. Não que sejam grandes mudanças, em termos volumétricos. Estão mais para mudanças significativas. Mas daí - e tem sempre um daí - que é o medo. E se fosse só um, ainda seria mais fácil contornar. O problema é que são vários e todos ficam por perto. Ao mesmo tempo, tudo fica mais fácil porque a vida flui. Flui porque você se sente bem. Flui porque o sorriso vem fácil. Flui porque é bom poder ser inteiro com alguém. Como você é de fato. Sem precisar jogar, encenar. E depois de tanto tempo levando as bordoadas da vida, é uma delícia saber que essa história será diferente. Como eu sei disso? Por causa dos protagonistas dela. E ao mesmo tempo que isso é tão simples - estar feliz, ficar feliz - tudo parece complicado em função dos nossos quereres. Sim, porque temos objetivos e planos concretos a respeito da vida. Sabemos o que nos faz bem. O que nos faz mal. Sabemos, na maioria da vezes, o que devemos fazer. Então, é difícil se deixar levar pelas emoções se lá dentro há tantas tarefas complexas a realizar. Aí chega-se numa encruzilhada que, aparentemente, mostra-se com dois caminhos. E, e enquanto você decide para onde deve seguir, lembra da música do camelô, das conversas, dos beijos, dos carinhos e de tudo de bom que a presença do outro lhe faz. E sem nem notar direito, você acha um terceiro caminho. E segue nele por um motivo simples: porque não tem a menor vontade de esquecer de tudo isso.

Escrito em 1999 e achado 10 anos depois. Engraçado como tanta coisa mudou depois disso. Mas tudo continua bem parecido dentro de mim.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Olho mágico

Tanto dia pra conhecer seu vizinho e esse dia chega justamente no dia que você resolve ir à lixeira (que fica a menos de um metro de sua porta) com a toalha amarrada.
- Muito prazer, ele disse
- Oi, eu disse, com a cara pintanda de todas as cores existentes na face da Terra.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Que dureza

Filha em férias na casa do pai.
Louca pra sair e não arrumei companhia.
Não me conformo.
E olha, coloquei até pérolas.

Cabe a mim o papel principal

No MSN com um sujeito que eu achava ser querido, mas que se mostrou um completo ordinário.

- Senti sua falta. Gosto de conversar com vc.
- Linda, cuidado.
- Hun? Cuidado com o quê?
- Eu não quero te magoar...
- Escuta, falei que senti sua falta, não que estava apaixonada. Qual é o problema?
-Ah, sei lá
-Corremos exatamente o mesmo risco. 50% pra cada um. E na boa, se eu não puder dizer o que estou sentindo, o que estou a fim, sinceramente, não vejo razão pra nada disso.
-Não fala assim, cê sabe da minha situação, vc podia achar alguma coisa...
-Eu não acho, Querido. Eu vivo. E vc também sabe da minha situação. Se vc tem alguém eu também tenho, ninguém é completamente sozinho nesse mundo.
-E que mania vocês têm de se achar tão irresistíveis e a apaixonantes. E quer saber, vc corre muito mais risco de se envolver comigo do que ao contrário.
- Por que vc diz isso?
- Porque vc pode achar um monte de mulher por aí. Mas duvido que esbarre numa eu novamente. Eu sou meio que acertar a loteria, entendeu?

E bloquear contato. Toma no cu, né?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Decisão

Aí você chega na encruzilhada e tem lá alguns caminhos a seguir.

O primeiro não te leva pra lugar nenhum e você já está cansada de saber. Não que ele seja de todo mal, mas digamos que já rolou um cansaço de passar por ele, de ir, voltar, ir de novo...

O segundo é tudo novo. É aquele mistério, que dá frio na barriga. Tudo escuro, você não vê nada. Talvez sua beleza esteja justamente nisso. Parece aconchegante, ideal e até mesmo bem seguro.

O terceiro é o que você gostaria de seguir. Ele oferece inesgotáveis atrativos, possibilidades. Tem uma beleza natura.l Só que ele me parece extremamente longo, demorado. E com essa pressa, talvez não seja a melhor coisa a fazer.

E agora, hein?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Episódio de hoje

Ontem, em mais um encontro Sex And the City (*), apelidos e risadas à toa.

Personagens
Tarsa: a paranoica. Versão feminina do Tarso da novela. Ao invés de chip, fica com o Ray-ban na cabeça, e não o tira sob hipótese nenhuma. Afinal, tem sempre alguém olhando e observando suas ações, ouvindo suas palavras... tem 35 anos.
Shirley: a sapateadora. Aos 33 anos decidiu que queria imitar Shirley Temple e se matriculou num curso de sapateado. Está ensaindo um número para o final do ano. Vai dançar Rehab, da Amy Winehouse - imperdível.
CGT: a Comando Geral dos Trabalhadores. Reúne histórias apimentadas com a classe operária desse Brasil, sil sil sil. Inclusive, ontem, disse que de todos os homens do bar, o único interessante era o garçom. 35 anos também.
(*) D, à beira dos 35, que ainda não recebeu um codinome digno e que não pôde comparecer às gravações pois estava escondida na casa da mãe, tentando se livrar o ex-marido que não aceita o fim do casamento.

A primeira história
- Esse hot dog é grande?, quer saber CGT
- 18 centímetros, responde o garçom.
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk (CGT)
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Tá bom, pode trazer as bebidas, a gente escolhe o que vai comer depois. (Tarsa)
(E o garçom parado, olhando pra nossa cara).
Toca o celular de Tarsa
- O que você estão fazendo nesse bar coxinha?, pergunta Shirley
- Tava tudo fechado, diz Tarsa.
- Se vocês quiserem ficar aí tudo bem, mas por que não foram pro da frente?, questiona Shirley
- Moço, a conta, pede CGT.

No bar da frente
- Tô morrendo de fome, quero tomar uma sopa, fala Tarsa toda animada com o cartaz
- Três chops e o cardápio, pede CGT.
- Meu, R$ 4,50 cada chopp, fala Tarsa, chocada.
- E agora?, pergunta Shirley, dando o primeiro gole. E o bar tal?, lembra a nossa sapateadora.
- É mesmo... concordam CGT e Tarsa, que ainda completam: Lá tem cerveja de garrafa
- Moço, a conta, pede CGT.

No bar tal
- Uma Brahma e uma porção de filé com catupiry, pede Tarsa.
Quinze minutos depois
- Cadê o resto da porção? pergunta CGT pro garçom
- Sempre foi desse tamanho?, traz uma batata frita, então, fala Tarsa.
- Escuta, por que tá passando futebol de salão? Tem alguém vendo, tá acontecendo algum campeonato? pergunta CGT.
- Vou colocar uma musiquinha pra vocês, diz o simpático garçom, enquanto falávamos de filme, música, histórias, piadas, homens, namorados, maridos, afins, e inventávamos mais um apelido para encerrar a noite: Analdo, para sexo anal.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Tevê + assinatura + banda larga: R$ 29,90

Eu assumo: eu sou ansiosa. E o mais foda da ansiedade não é a ansiedade em si, mas o que ela causa em você, sabe? Porque junto com ela outras emoções, pensamentos e sentimentos não tão nobres vêm juntos, como se fosse o Combo Ansiedade. Claro que eu não deixo de fazer nada, de viver, de sentir por causa dela. Mas parece um zumbido, sabe? Fica lá, incomodando e nessas horas é isso aqui pra fazer besteira. Falar besteira. Pensar besteira. Só que não adianta nada e isso eu sei bem. Ansiosa ou não, as coisas acontecem ou desacontecem (essa palavra existe?). A cabeça tá cheia, sim. Mas eu tô feliz. Porque o que foi bom eu vivi, eu aproveitei o momento, eu fui inteira e, acima de tudo, verdadeira. E de amanhã, eu não sei nada. Quer dizer, tenho planos, como trabalhar no horário de sempre, algumas entrevistas agendadas, pagar o condomínio... coisas que simplesmente podem mudar em um estalo. Não tô falando nada com nada, né? Sabe o que é? Belchior resumiu bem: E o meu coração selvagem tem essa pressa de viver...

E quem não tem?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

gentelouca.com

Bom, agora que tudo está tudo (mais ou menos) em ordem é hora de contar como andam as coisas por aqui. Homens são engraçados, pra não dizer patéticos. Conheci um cara no meu último plantão (há dois finais de semana). Fui fazer uma matéria e o sujeito tava lá. Simpático, idade boa, cara boa. Aquelas coisas. Fui embora. Na segunda toca o meu ramal.
- Querida?
- Sim, quem é?
- É o Querido de ontem, tudo bem?
- Ah tudo, e você?
- Tudo bem, estou ligando pra dizer que adorei a matéria, ficou bem legal.
- Que bom...
- E como foi o resto do seu plantão?
- Tranquilo, consegui saí cedo.
- Você vai fazer alguma coisa hoje? Vamos sair pra tomar alguma coisa?
- Ah vamos...
- Eu passo aí, pode ser?
- Pode.
No horário combinado, ele passou. Fomos num bar, conversamos, rimos, comemos. O cara é muito inteligente, bem-humorado. Enfim alguém que não é da classe trabalhadora, eu pensei. Me deixou em casa, ligou pra dizer que tinha chegado em casa e aproveitou pra elogiar uma série de reportagens que eu havia feito sobre adolescentes. Terminou a ligação dizendo que me ligaria no dia seguinte. O dia seguinte chegou e eu mandei um torpedinho simpático na hora do almoço. O dia seguinte passou e ele não ligou. Não ligou no dia depois do dia seguinte e assim se passaram vários dias e eu já tinha desencanado e pensado "me livrei de mais um louco" e "qual é o meu problema mesmo?"
Até que domingo, 14 horas, especial do MJ na Sony rolando e eu meio dormindo, meio acordada, atendi o celular. Como eu já havia apagado o nome do sujeito, nem me dei conta do número.
- Querida?
- É.
- É o Querido, lembra de mim?
- Lembro, claro.
- Tô ligando pra dizer que eu não sumi não.
- Ah, sumiu sim, eu disse rindo.
- É que eu fiquei doente, com pneumonia, fiquei até internado.
- Nossa, que coisa. E como você está agora?
- Bem melhor, mas ainda não estou 100%. Nossa, foi horrível.
- Cuidado agora para não ter recaída, pneumonia é perigoso.
- Viu, tão me chamando no rádio, eu te ligo mais tarde ou amanhã.
- Ah tá bom, cuide-se
- Um beijo.
- Outro.
Adivinha? Mais tarde chegou. Amanhã também e nada do cara.

É ou não é de fuder?

Enquanto isso, aquele outro Querido (o casado) tem ligado insistentemente, morrendo de saudade, cheio de dengo. Eu me fazendo de durona. Falei pra ele que estava de luto.
- Luto pelo quê?
- Ué, pelo Michael Jackson. Ele ainda nem foi enterrado...
- Você é fogo...

Eu sou?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vai valer a pena

Porque começar do zero é bem mais legal...

E não é?