sexta-feira, 24 de julho de 2009

O terceiro caminho

Porque toda vez que o camelô aperta o play é como se ele fizesse a mesma coisa com a minha cabeça e, ao ouvir aqueles versos que pouco dizem, um mundo de ideias e possibilidades aparecem. E é estranho pensar e lembrar com tudo isso começou e, principalmente, onde começou. Há certos mistérios que envolvem a vida e esbarrar com pessoas é um deles - talvez o mais fascinante. Conhecer alguém e saber que a partir disso sua vida não será mais a mesma. Não que sejam grandes mudanças, em termos volumétricos. Estão mais para mudanças significativas. Mas daí - e tem sempre um daí - que é o medo. E se fosse só um, ainda seria mais fácil contornar. O problema é que são vários e todos ficam por perto. Ao mesmo tempo, tudo fica mais fácil porque a vida flui. Flui porque você se sente bem. Flui porque o sorriso vem fácil. Flui porque é bom poder ser inteiro com alguém. Como você é de fato. Sem precisar jogar, encenar. E depois de tanto tempo levando as bordoadas da vida, é uma delícia saber que essa história será diferente. Como eu sei disso? Por causa dos protagonistas dela. E ao mesmo tempo que isso é tão simples - estar feliz, ficar feliz - tudo parece complicado em função dos nossos quereres. Sim, porque temos objetivos e planos concretos a respeito da vida. Sabemos o que nos faz bem. O que nos faz mal. Sabemos, na maioria da vezes, o que devemos fazer. Então, é difícil se deixar levar pelas emoções se lá dentro há tantas tarefas complexas a realizar. Aí chega-se numa encruzilhada que, aparentemente, mostra-se com dois caminhos. E, e enquanto você decide para onde deve seguir, lembra da música do camelô, das conversas, dos beijos, dos carinhos e de tudo de bom que a presença do outro lhe faz. E sem nem notar direito, você acha um terceiro caminho. E segue nele por um motivo simples: porque não tem a menor vontade de esquecer de tudo isso.

Escrito em 1999 e achado 10 anos depois. Engraçado como tanta coisa mudou depois disso. Mas tudo continua bem parecido dentro de mim.

2 comentários:

Anônimo disse...

O engraçado de ler coisas antigas é perceber que apesar de mudarmos, a essência é sempre a mesma. Porque cisrcunstâncias externas mudam, mas o que nós somos, essencialmente, não muda jamais.

.ailton. disse...

so sei que nao entendi quase nada.